domingo, 4 de janeiro de 2009

Feliz ano novo!


Ano novo...verão, férias e quase todo mundo de roupa nova... Especialmente nessa época do ano observo muito o que as pessoas estão usando e comprando. Normalmente, as pessoas usam roupas mais descontraídas, pois estão de férias e quase sempre roupas novas compradas ou recebidas de presente que, grosso modo, representam aquilo que pode ser considerado a última têndencia.

Nesse final de ano e início de 2009 esperava uma maior democracia no vestuário, sempre tão desejada. Mas o que tenho visto é uma ditadura do vestido-longo-estampado. Vi muitas mulheres com esta peça, que não importando o corte, caimento e tipo de tecido, ficam todas muito parecidas.
Compreendo que nosso clima tropical somado às festas de final de ano, às trocas de presentes e palavras bonitas até inspiram realmente um visual mais festivo. Mas se não é isso que eu quero vestir, também não encontro facilmente alternativas. Assim, não tenho absoluta certeza de que as vestidas em seu longo estampado, estão assim por que realmente querem ser festivas, ou simplesmente por que é o que está nas vitrines.

A roupa que eu uso sempre teve a ver com meu estado de espírito, algo muito subjetivo e portanto, pessoal... Com a moda, é um pouco semelhante, reflete, em um sentido amplo, o estado de espírito social, ou melhor, traduz o espírito do momento. Definitivamente, para mim o espírito do momento não tem nada a ver com vestido-longo-estampado. Vou explicar o porquê.

Começando por questões climáticas. Chove sem parar a mais de um mês. E como se não bastasse toda a chuva, ela veio acompanhada de inúmeras tragédias, que não vou citar. Objetivamente, quando chove não gosto de usar vestido, porque não fica bem com sapato ou tênis. Fica bom com sandália e sandália na chuva, não dá!

Economicamente, no adianta o discurso de final de ano do nosso Presidente dizendo que por aqui a crise não chega. A previsão para 2009 é de significativo aumento nas taxas de desemprego. Toda essa crise econômica sugere atitudes mais simples diante da vida. Apesar do vestido longo ter uma pegada hippie, anos 70, etc, ele veio com um apelo mais glamouroso, com decotes "tomara que caia". Assim, fica meio fora de contexto o luxo visual que é acionado.

Contudo, as questões culturais e sociais são as que mais tomam contam do meu humor. Poderia ficar aqui dissertando sobre a violência que assola o Brasil e mundo, tendo em vista a brutalidade dos ataques à Palestina. Porém, se não fosse a esperança na humanidade não estaríamos aqui agora.

Mesmo não vendo motivos concretos para fazer muita festa e usar e abusar nos estampados, a roupa que visto não precisa ser triste. Ela pode ser bonita e tende a ser dramática porém com esperança.

Vejo no meio da efusão de cores e estampas perdidas e sem sentido, uma tradução quase perfeita do espírito do momento. Vou descrever, então, a roupa do momento para mim e desenhá-la em seguida.

É quase uma parca-vestido de um tecido fino, porém estruturado e meio amassado, com mangas na altura dos cotovelos. Seu comprimento um pouco abaixo dos quadris e levemente acinturada. Zípers prateados unindo uma ponta da modelagem irregular a outra que formam uma gola alta. A cor, essa é um azul escuro quase petróleo e por dentro seu forro é de poá. Não sei explicar por ela é assim, apenas seria assim a roupa que hoje traduz o espírito do momento e um pouco do meu espírito.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Vivi,

me identifiquei muito com este texto...não chego a ser tão alternativa, mas te juro, desde dezembro que olho, olho vitrines e não consigo comprar uma peça...pelos mesmos motivos aqui muito bem colocados por você!!

Ai que saudade do tempo em que minha mãe fazia minhas roupas...mesmo a distância... sem poder provar, fazer ajustes, sem muitas escolhas de tecido...minha mãe escolhia por mim.

Enfim adorei ter acesso a esse texto,

bjs, Rozi